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Israel é palco de greve e protestos após morte de seis reféns em Gaza

Movimento é a maior dissidência entre governo e população desde o início da guerra; tribunal ordena fim da paralisação

Israel amanheceu sob greve nesta segunda-feira (2), em um movimento que parece ser a maior dissidência entre população e governo desde o início da guerra contra o Hamas, em 7 de outubro do ano passado.

O ponto de ruptura ocorreu no domingo (1º), quando corpos de seis reféns foram resgatados em um túnel da Faixa de Gaza —autópsias indicam que eles provavelmente foram mortos entre um a dois dias antes da chegada das tropas. Acredita-se que cerca de um terço dos 101 sequestrados israelenses e estrangeiros ainda no território palestino tenha morrido.

A paralisação, que é respaldada por sindicatos e empresas, atingiu grande parte da economia israelense —parte das escolas e muitas empresas, universidades e Prefeituras ficaram fechadas durante a manhã. O Aeroporto Internacional Ben Gurion, o principal de Israel, interrompeu suas decolagens às 8h e as retomou, de forma reduzida, às 10h.

Apesar do engajamento, a paralisação deve perder força durante o dia. No começo da tarde, um tribunal de Tel Aviv decidiu que a greve deve terminar até às 14h30 (8h30 no Brasil), três horas e meia antes do planejado pelo Histadrut, sindicato que representa centenas de milhares de trabalhadores.

O líder da entidade, Arnon Bar-David, disse que respeita a decisão da corte. “Agradeço a cada um de vocês —vocês provaram que o destino dos reféns não é de direita ou de esquerda, há apenas vida ou morte, e não permitiremos que a vida seja abandonada”, disse ele, de acordo com o jornal Times of Israel.

A convocação ocorreu ainda no domingo, quando milhares de pessoas bloquearam estradas em Jerusalém e Tel Aviv e um grupo de manifestantes fez um protesto em frente à residência do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu.

Os grevistas reivindicam um cessar-fogo no conflito, que completa um ano em pouco mais de um mês. “Precisamos chegar a um acordo [sobre o retorno dos reféns sobreviventes]. Um acordo é mais importante do que qualquer outra coisa”, disse Bar-David em entrevista coletiva. “Estamos recebendo sacos para cadáveres em vez de um acordo.”

O Fórum das Famílias de Reféns, que representa parentes de detidos em Gaza, ecoa a mesma reivindicação há meses. Neste domingo, o grupo afirmou que a morte dos seis foi resultado direto do fracasso de Netanyahu em garantir um acordo. “Todos foram assassinados nos últimos dias depois de sobreviverem a quase 11 meses de abusos, tortura e fome no cativeiro do Hamas”, afirmou em nota.

Após a decisão da corte, o grupo encorajou os manifestantes a continuar protestando. “Não se trata de uma greve, trata-se de resgatar os 101 reféns que foram abandonados por Netanyahu”, disse o fórum.

Anteriormente, o ministro de Finanças e um dos mais radicais membros da coalizão do premiê, Bezalel Smotrich, escreveu à procuradora-geral Gali Baharav-Miara pedindo com urgência ao Tribunal do Trabalho de Israel uma liminar contrária à greve. Ele argumentou que uma greve prejudicaria a economia e não tinha base jurídica, uma vez que o seu principal objetivo era influenciar decisões políticas.

A Associação dos Fabricantes de Israel afirmou que o governo falha em seu “dever moral” de trazer os reféns de volta com vida. “Sem o regresso dos reféns não seremos capazes de acabar com a guerra, não seremos capazes de nos reabilitarmos como sociedade e não seremos capazes de começar a reabilitar a economia israelense”, declarou o chefe da associação, Ron Tomer.

Bibi, como o premiê é chamado, e muitos membros de seu governo continuam a se opor a qualquer acordo de reféns que liberte combatentes do grupo terrorista das prisões israelenses e ajude a manter o Hamas no poder.

Mais recentemente, o governo também se mostrou intransigente em relação à remoção das tropas no chamado corredor Filadélfia, ao longo da fronteira sul de Gaza, sob o argumento de que é preciso evitar que o Hamas contrabandeie armas a partir do Egito.

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