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Indústria e comércio se reúnem com Super Terminais para negociar taxas na próxima semana

Empresa portuária elevou cobrança para armazenagem de produtos em contêineres e gestores temem impacto

Representantes da indústria e do comércio se reunirão com a empresa Super Terminais para tentar negociar o preço do armazenamento dos produtos que chegam em contêineres no porto localizado em Manaus. Há quinze dias, a empresa reajustou os valores do segundo período de armazenagem em diante. Um período de armazenagem é equivalente a dez dias.

Na tabela de preços divulgada em janeiro, a empresa cobrava 0,86% pelo valor da carga nos contêineres nos primeiros dez dias de armazenamento. A partir do segundo período, a cobrança era de 1,58%, no terceiro de 2,22% e do quarto em diante, 2,80%. No reajuste divulgado no início de agosto, o preço do primeiro período se manteve, mas o segundo foi reajustado para 5%, o terceiro para 7,5% e do quarto em diante, 10%.

Em entrevista ao A CRÍTICA, o secretário de Desenvolvimento Serafim Corrêa (PSB) afirmou que membros da indústria e comércio buscarão uma conciliação com a empresa portuária.

“O governo do estado não tem gestão sobre isso, mas qual é o meu papel? É de fazer uma intermediação para ver se eles conversam. Se o porto Super Terminais e o comércio e a indústria têm uma reunião para encontrar um meio-termo, uma solução. Hoje eu conversei com o Marcello di Gregorio e ele se comprometeu que para [a próxima] semana haverá essa reunião”, disse.

A reunião também foi confirmada pelo presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus), Ralph Assayag, que alertou para o impacto da medida no preço final dos produtos que chegam ao estado do Amazonas por meio dos portos.

“O impacto vai acontecer a partir da hora que eles começam a cobrar, nós vamos ter esse problema que vai repassar para o preço. Além da parte do contêiner, do aumento, mais ainda essa situação. Isso complica muito, apesar de estarmos junto com o Serafim Corrêa marcando uma reunião para a semana que vem para a gente discutir esse assunto, mas os preços já estão no ar”, informou.

O presidente da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Bruno Pinheiro, também avaliou que o aumento dos preços de armazenagem da Super Terminais “vai ter um impacto negativo e significativo nas atividades do comércio e serviço”.

“Esse reajuste tende a elevar os custos operacionais para as empresas, que serão obrigadas a repassar aos consumidores finais na forma de aumento de preços. À médio e longo prazo, vai resultar em uma desaceleração do consumo, afetando as vendas e a competitividade das empresas locais. Além disso, deve pressionar ainda mais a inflação, complicando o cenário econômico para o comércio e para os consumidores do estado do Amazonas”, ressaltou.

A reportagem também procurou os representantes da indústria em busca de posicionamento. Por meio de assessoria, o Centro da Indústria no Estado do Amazonas (Cieam) afirmou que não iria se pronunciar sobre o assunto no momento. O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, relatou que o reajuste da Super Terminais “já começa a refletir na planilha da indústria, especialmente naquelas que dependem fortemente de insumos e matérias-primas importadas”.

“Esse aumento no custo de armazenagem impacta diretamente as margens operacionais das empresas, que já enfrentam uma conjuntura econômica desafiadora. Com relação ao impacto no valor dos produtos, a tendência é que ocorra um repasse gradual desse aumento para o consumidor final nos próximos meses”, avaliou.

O tamanho do repasse, segundo Azevedo, dependerá da negociação de cada empresa com seus fornecedores, com as demandas do mercado e com a inflação de custos operacionais, mas de toda forma “é esperado que os preços dos produtos finais aumentem”.

“Estamos monitorando de perto essa situação e continuaremos trabalhando em conjunto com os setores envolvidos para mitigar esses efeitos na economia local”, disse.

O superintendente da Suframa Bosco Saraiva também destacou os custos adicionais ocasionados pela estiagem severa, que gera mais despesas para a indústria.

“Desde o início do ano, quando o cenário já se delineava para uma redução da navegabilidade na região igual ou maior do que no ano passado, diversos atores, incluindo a Suframa, tem se mobilizado para reduzir esses impactos, inclusive em relação a alta de custos, mas eles são inevitáveis neste momento. Nossa expectativa é que as ações de dragagem nos rios, já previstas pelo governo federal, equilibrem as condições de transporte nos próximos meses”, concluiu.

Fonte: A Critica

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